E se acontecesse no Pará um acidente parecido com o do Chile, onde 33 trabalhadores permaneceram enclausurados por mais de dois meses (de 5 de agosto a 13 de outubro deste ano) dentro de uma mina de cobre, a cerca de 700 metros de profundidade? Embora esse risco seja considerado pequeno, o fato é que, depois do episódio chileno, os procedimentos de segurança nas minas do Pará passaram a receber maior atenção por parte das empresas.
Um bom exemplo disso vem de um dos projetos minerais mais novos do país, a mina de ouro, platina e paládio “Nova Serra Pelada”, que avança de forma acelerada em sua implantação e atingirá 3.930 metros de plano inclinado com profundidade de 400 metros. Depois da chegada a Serra Pelada dos equipamentos de perfuração road headers, as escavações já se aproximam dos primeiros cem metros e uma das preocupações primordiais tem sido a atenção redobrada na segurança dos operários que trabalham direta e indiretamente nos trabalhos de escavação e fortificação da rampa de acesso ao subsolo.
Responsável pela implantação da mina, o diretor geral da Colossus Mineração, Luiz Carlos Celaro, mantém uma equipe altamente treinada para garantir a segurança dos profissionais e de todo o pessoal envolvido no projeto. A equipe contratada é composta por um engenheiro de segurança, que conta com o suporte de mais cinco técnicos de segurança do trabalho, uma enfermeira, cinco técnicos em enfermagem e um médico do trabalho. “O acidente na mina do Chile, recentemente, nos fez redobrar os esforços e a atenção para todos os procedimentos de segurança”, afirma o dirigente. A mina deverá começar a extrair minérios a partir de meados de 2012.
No plano de ação do setor de segurança está o PGR – Programa de Gerenciamento de Risco -, que, segundo Roberval Gomes, chefe da equipe, é uma importante ferramenta de estudo e elaboração de programas que garantem a segurança dos trabalhadores. “No PGR estão listados todos os prováveis riscos contidos em cada atividade e qual a melhor forma de preveni-los, indicando inclusive os riscos de cada setor separadamente”, disse ele. E acrescentou: “Desta forma, podemos perceber quais atividades oferecem mais riscos e merecem maior atenção, o que nos dá uma visão preventiva e nos possibilita oferecer, com margem maior de segurança, a saúde dos profissionais”.
Túnel terá saída principal e mais três de emergência
Dois grandes ventiladores e exaustores já estão em funcionamento para garantir a ventilação no subsolo. Os equipamentos trabalharão de forma alternada, sendo um reserva que é ligado durante a manutenção do principal.
Haverá no túnel três saídas de emergência, além da principal, as quais medirão três metros de diâmetro, permitindo a evacuação rápida dos funcionários, caso haja necessidade. A princípio, as saídas de emergência serão de fundamental importância para levar ar fresco aos operários em atividade no subsolo. A primeira delas será construída quando o túnel tiver alcançado 630 metros de abertura, a segunda com 1.250 metros e a terceira com 2.150 metros. Além da infraestrutura de segurança em cada fase do projeto, as orientações necessárias serão repassadas aos trabalhadores.
A segurança dos visitantes também é verificada e nenhuma pessoa que tenha acesso à área da mina chega até lá sem estar utilizando os equipamentos de segurança necessários. As ações já deram resultado e a empresa até o momento não registrou nenhum acidente, segundo o engenheiro do trabalho. O registro dos dias trabalhados sem acidentes de trabalho está localizado em uma placa à entrada da mina.
Treinamentos de segurança intensificados na mina
No projeto Nova Serra Pelada, todos os profissionais admitidos passam por treinamento de segurança com duração de 40 horas, sendo parte teórica e parte em campo. Contudo, se o profissional, ao final do treinamento, não se sentir seguro quanto à atividade, a capacitação poderá ser estendida.
Para os que já se encontram em atividade é realizado diariamente o DDS – Diálogo Diário de Segurança-, onde as equipes conversam sobre os trabalhos, expõem suas dúvidas e recebem orientações dos técnicos e do engenheiro responsável. Para complementar, é feito um checklist, ou seja, uma vistoria em todos os EPIs – Equipamento de Proteção Individual.
Além da preocupação em garantir a utilização dos EPIs, o setor de segurança do trabalho também verifica qual equipamento é mais apropriado para cada atividade, como as máscaras usadas em áreas onde há contato com poeira. Cada tipo de agente tem um tratamento diferente e, por isso, a máscara é apropriada para cada ação. “Onde os mecânicos trabalham com resíduos metálicos a máscara é usada com filtro correto, assim como em setores onde há escavações”, afirma Roberval.
Há ainda um suporte por parte de quatro pessoas que atuam na sinalização da área da mina e na estrada que dá acesso a ela. São profissionais treinados para gerar uma sinalização que indica setores de maior risco, os EPIs a serem usados em cada setor e quais profissionais podem ter acesso a eles, tudo sob a supervisão da coordenação de segurança do trabalho.
Fonte: Diário do Pará
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