A Companhia de Tecnologia Ambiental do Estado de São Paulo ainda não sabe se problemas de saúde que acometem moradores do entorno do Polo Petroquímico de Capuava são decorrentes da emissão de poluentes gerados pelas 14 empresas que compõem o complexo industral, na divisa entre Santo André e Mauá. Segundo o órgão, os estudos de poluentes realizados até o momento não permitem concluir que doenças, como tireoidite de Hashimoto, têm relação com a poluição naquela região.
Reportagens do Diário publicadas anteontem e ontem apontam que alguns moradores desenvolveram tireoidite crônica - disfunção na glândula da tireoide -, segundo tese apresentada em 2002 pela endocrinologista Maria Angela Zaccarelli Marino, da Faculdade de Medicina do ABC.
Porém, o levantamento realizado pela médica, durante 12 anos de pesquisas, foi contestado por Luis Almudi, diretor executivo da Associação das Indústrias do Polo Petroquímico, entidade que representa quatro empresas: Braskem, Air Liquide, Cabot e Oxiteno. "Não há qualquer base científica que comprove", afirmou, em resposta ao questionamento se as indústrias do Polo contaminam.
O que é rebatido não só pela médica como pelo Centro de Vigilância Epidemiológica, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. Em 2008, o órgão enviou estudo com 1.533 pessoas, das quais 781 residentes próximas ao Polo e 752 em Diadema (área de controle). O resultado confirmou a tese da médica.
Atualmente, o Laboratório de Poluição Atmosférica da Universidade de São Paulo analisa as amostras, a pedido do Ministério Público de Santo André, que tem inquérito civil instaurado. Os resultados sairão até setembro, segundo o instituto.
A Cetesb informou ter realizado levantamento dos principais poluentes atmosféricos das empresas. É esse estudo que não permite apontar neste momentos as causas das doenças.
Barulho assustou até os funcionários
A equipe do Diário esteve ontem, por duas vezes, na portaria central da Braskem, a fim de conversar com os empregados e colaboradores das 14 empresas que integram o Polo Petroquímico, situado na Avenida Presidente Costa e Silva. Por volta das 17h10, houve um estouro do lado de dentro do complexo, que assustou, inclusive, os funcionários que deixavam o trabalho. Na sequência, uma fumaça preta escureceu o céu em segundos.
"Até eu assustei", disse um dos trabalhadores, acostumado com o vaivém no complexo industrial. No total, são aproximadamente 25 mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos.
Luis Almudi, diretor executivo da Associação das Indústrias do Polo Petroquímico do Grande ABC, confirmou o barulho, que teria ocorrido dentro de uma das quatro associadas. "Não foi nada grave. É sinal que o sistema de proteção funcionou", apontou.
Sobre as queixas dos trabalhadores feitas à equipe do Diário, como cheiro forte, vazamentos de produtos, garganta seca, pele ressecada e dores de cabeça, o diretor justificou o "alto grau" de segurança tanto para os colaboradores quanto no entorno do Polo. "Investimos milhões em equipamentos de segurança e no treinamento das equipes internamente", afirmou. O valor não foi informado.
Fonte: Diário do Grande ABC
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