quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SSO - Estresse e trabalho: combinação perigosa

Pesquisas apontam que 78% dos profissionais brasileiros sentem-se angustiados com relação ao trabalho. De acordo com a International Stress Management Association (Isma), a mais antiga e respeitada associação, sem fins lucrativos, e a única com caráter internacional voltada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento de estresse no mundo, nos últimos cinco anos, 82% dos profissionais pesquisados apresentavam traços de ansiedade em diversos graus; 52% têm momentos de agressividade em casa, por conta do stress na empresa; 32% têm problemas gastrointestinais. Entretanto, não é preciso recorrermos a pesquisas, para constatar que a pressão do dia a dia e os desafios profissionais, aliados à má remuneração e a condições precárias de trabalho vem deixando muita gente estressada.
O médico Carlos Reinaldo de Souza, com especialização em Medicina do Trabalho, confirma: Os casos de estresse no trabalho são comuns do que se imagina. “O estresse é subestimado nos programas de capacitação e desenvolvimento de pessoal, principalmente nas pequenas e médias empresas. O pior é que o estresse aparece sob forma de variados sinais e sintomas, sendo rotulado sob diversos diagnósticos e deixando ocultas as suas causas básicas”, aponta.
Áreas ligadas à economia e às finanças, destacando-se os bancos e o comércio, estão entre as que mais apresentam trabalhadores com estresse, além de setores de transporte, com ênfase nos motoristas de ônibus urbanos; atividades ligadas à segurança pública, especialmente as que envolvem as polícias Militar e Civil: “Entre as profissões liberais, a medicina ocupa lugar de destaque, ao lado do magistério”, completa.
O estresse pode se tornar uma doença psiquiátrica, que age como fator agravante de várias outras doenças, especialmente as cardiovasculares, digestivas e neuroendócrinas. Assim, a hipertensão arterial, a doença arterial coronariana e cerebral, a úlcera péptica, o diabetes, a obesidade, problemas da tireóide e inúmeras outras doenças são agravadas ou se tornam de difícil controle, caso o paciente esteja vivendo sob estresse aumentado: “Se os sinais e sintomas se tornarem mais graves, será necessário o afastamento do trabalhador. Na verdade, o estresse não é uma doença, mas um estado de enfrentamento de situações críticas ou grandes desafios que exigem respostas imediatas, por exemplo, o cumprimento de metas ambiciosas, em curtos prazos. É o chamado modelo competitivo, onde cada um é obrigado a alcançar resultados cada vez mais desafiadores, portanto mais difíceis e, às vezes até impossíveis de serem conquistados”, pontua o médico, que também é professor pós-graduado em Bioética pela PUC-Minas. Contatos: carlosreinaldosouza@gmail.comcarlosreinaldosouza@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. e climef@viareal.com.brclimef@viareal.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. . Telefones: (31) 3721-1002 e (31) 9345-6275.
O psiquiatra Antônio César Abrantes Machado, por sua vez, revela que muitas pessoas o procuram, expondo problemas com o trabalho: “É a verdade de quem me diz estar sendo sufocado pela imposição inaudita daqueles que têm o poder de decidir sobre milhares de pessoas, que trabalham por um salário mísero que sequer dá conta de pagar as dívidas infindas”, relata.
Em decorrência desse estresse, podem aparecer sintomas, “como uma leve insônia, até uma loucura desvairada, como vontade de sair por aí atirando. Num país em que pagamos impostos excessivos e que nada funciona, em termos de saúde e educação públicas, e que ninguém faz nada diante da corrupção deslavada que assola o país, um trabalhador honesto um dia vai pirar e cair no INSS pela impotência, pelo descaso como é tratado e visto neste mundo globalizado, que só contabiliza números”, alerta.
Sobre as formas de tratamento, o médico tem opinião polêmica: “Acho um despropósito amenizar as patifarias e os desencontros deste mundo moderno com pílulas. Embora muitos o queiram, para se safar de sua dor individual, mas que também é coletiva. Cada vez mais nos fechamos no nosso mundinho ridículo, pois ainda não aprendemos que as soluções para os nossos males não se reduzem a meras receitas elaboradas em doces consultórios, como se isso fosse a solução. Que cada um pense e repense no que quer para si: uma sociedade individualista e medíocre ou, quem sabe, uma utopia de um mundo menos sacana, mais solidário e menos cínico”, conclui.


Fonte: Jornal Correio da Cidade

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