Anhanguera coleciona reclamações na região
A Anhanguera Educacional, que adquiriu cinco instituições de ensino no Grande ABC - UniA, Faenac, Faculdade Anchieta, UniABC e Uniban - mal iniciou o ano letivo e já enfrenta várias reclamações. Os relatos vão desde udança repentina de endereço do local do curso até turmas sem professor e alterações na grade curricular.
Alunos de Pedagogia e Logística se queixam de superlotação nas salas. "São 86 pessoas num espaço que só cabem 60", diz a estudante do 2º semestre de Pedagogia, Maria Aparecida da Silva, 29. A colega de sala, Patrícia Fiori, 26, se diz preocupada com o número de aulas à distância. "Tememos que nossa carga horária esteja abaixo do recomendado pelo MEC."
Na última terça-feira, cerca de 500 alunos da unidade fizeram um protesto em frente à faculdade, cobrando solução para os problemas.
GRADE - No campus da UniABC, em Santo André, os estudantes do 6º semestre de Administração relatam que a grade curricular foi modificada. Foram incluídas disciplinas já cumpridas, sumiram com aulas que seriam ministradas e acrescentaram outras que seriam continuações. "Na grade aparece a disciplina Estágio Supervisionado 2, sendo que nem fizemos o módulo 1", revela Juliana Valentim Gomes, 26.
O problema de superlotação das salas também se repete. "Pior é que o ano letivo começou no dia 27 de janeiro e até agora não tive uma aula sequer por falta de professor", diz André Luiz Orsoli, 27.
Em nota, a Anhanguera Educacional afirma que, "em relação ao curso de Tecnologia em Radiologia da Faculdade Anchieta, a instituição propôs aos alunos a possibilidade de transferência para a Uniban São Bernardo. Contudo, os estudantes optaram por permanecer na unidade de origem, onde as aulas acontecem normalmente. A mesma situação se deu aos alunos de Arquitetura, que aceitaram a proposta".
Sobre a mudança curricular no curso de Administração na UniABC, a direção se coloca à disposição para detalhamentos. Quanto ao caso específico de Nayara Franco, informaram que a situação já foi regularizada.
Sindicato quer ação coletiva contra instituição
Sindicato dos Professores do ABC realizou no dia 6 de março reunião com a Federação dos Professores de São Paulo para discutir as demissões em massa que a Anhanguera promoveu no ano passado. Foram 406 demitidos nas unidades do Grande ABC, sendo que 22 conseguiram reverter a decisão por estar perto da aposentadoria e ter direito a estabilidade.
"Nossa ideia é verificar com sindicatos de cidades onde há unidades da Anhanguera se há possibilidade de ação conjunta contra a empresa. Por enquanto, a instituição não se manifestou", diz o presidente da entidade, José Jorge Maggio. A maior parte dos demitidos (135) era da UniABC, sendo que 65% eram mestres e doutores. Em todo o Estado, foram 1.600 demissões.
Em nota, a Anhanguera esclarece que a atualização do corpo docente "é necessária para adaptar os currículos das novas unidades ao padrão de qualidade dos cursos. Nesse ajuste, a Anhanguera reduziu o número de professores temporários e sem titulação, mas realizou contratações de outros em regime integral".
INVESTIGAÇÃO - A Anhanguera ainda está sendo alvo de uma investigação pela Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda. O objetivo é verificar se há monopólio do Ensino Superior por parte da instituição. O procedimento é obrigatório quando há aquisições de empresas na qual uma das acionistas tem faturamento superior a R$ 400 milhões no ano anterior à realização do negócio. "O processo ainda está em análise, mas em fase final de apuração. Não há como dar uma previsão porque nada impede que surjam novas dúvidas e a investigação seja estendida", explica o assessor técnico da secretaria, Ricardo Faria.
MEC instaura processo de supervisão nas unidades
Caso sejam constatadas irregularidades, o MEC pode instaurar processo administrativo contra a instituição e um termo de saneamento de deficiências. Não há, ainda, previsão para o término da ação do ministério na Anhanguera. Quanto às denúncias feitas pelos estudantes, o órgão federal afirma que não interferem na relação entre instituição e alunos.
Se os estudantes se sentirem lesados, a saída é procurar um órgão de defesa do consumidor. No entanto, se encaminhada denúncia diretamente ao MEC, o ministério notifica a instituição para esclarecimentos ou encaminha o caso para o Ministério Público, dependendo da gravidade da situação.
De acordo com a advogada da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), especialista em Defesa do Consumidor, Jounig Won Kim, a melhor solução para os estudantes que se sentirem prejudicados pelas mudanças promovidas pela Anhanguera é entrar com uma ação coletiva na Justiça. "A ação, quando feita coletivamente, tem efeito mais eficiente. Os alunos podem entrar com denúncia no Ministério Público e no Ministério da Educação exigindo a readequação do que foi acertado inicialmente em contrato", afirma.
Conforme Jouning, quanto aos prejuízos gerados por mudanças de local do curso, o aluno pode pedir o ressarcimento do dinheiro investido em transporte.
Fonte: Diário do Grande ABC
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