domingo, 30 de janeiro de 2011

Bancos e sindicatos assinam acordo inédito antiassédio

Por Silmara Cossolino

Acordo inédito assinado entre a Contraf-CUT e a Fenaban contra assédio moral deve melhorar o ambiente de trabalho e valorizar a qualidade de vida dos bancários. Depois de ficar cinco anos em debate, o documento – assinado na última quarta – tem um significado muito importante para a categoria: a prevenção.
“O acordo não prevê punição, queremos prevenir. Os bancos concordam que existe o problema. Quando for verificado algum caso, o sindicato terá dez dias para apresentar ao banco o ocorrido. Acredito que, com isso, os bancos vão trabalhar para que isso não aconteça. Queremos um ambiente de trabalho seguro e saudável, o que não acontece hoje”, comemora Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT.

O Protocolo para Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho foi assinado com nove bancos: Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, HSBC, Citibank, Caixa Econômica Federal, Votorantim, Safra e BIC Banco. O Banco do Brasil e a CEF já tinham instalados comitês de ética no ano passado, após negociações específicas com as entidades sindicais em 2009 com igual finalidade de apuração das denúncias de assédio moral nas instituições.

A Contraf estima que mais de 90% dos trabalhadores bancários passam a ter, com essas assinaturas, um canal para denunciar situações que considerem como assédio moral.

O assédio moral já era motivo de queixa pelos bancários há alguns anos, o que prejudicava o andamento do trabalho e criava conflitos internos. Segundo Barros, o assédio moral teria aumentando por conta da disputa entre os bancos. A discussão com a Fenaban já vinha ocorrendo, mas a entidade não reconhecia a existência do problema por considerá-lo localizado.

“Com o tempo, a justiça começou a reconhecer a existência do assédio e os bancos passaram a discutir o assunto de forma mais objetiva”, lembra.

Barros disse que os assédios mais sofridos pelos bancários estão relacionados à impossibilidade de cumprimento das metas definidas. “Os bancários eram, muitas vezes, humilhados. Já tivemos situações em que foram pedidos aplausos para quem vendeu mais e vaias para quem não vendeu. Outra forma são os torpedos – mensagem via celular: a pessoa recebia a mensagem, sendo cobrada pela meta que não bateu”, relatou.

Segundo a Contraf, pesquisa feita em junho de 2010 com 1.200 bancários verificou que 80% citavam assédio moral como um problema sério para eles. Outro levantamento mostra que metade das causas de afastamentos entre os bancários por motivos de doenças está realicionada ao assédio.

Pelo acordo, a Fenaban deverá fazer uma avaliação semestral do programa com a apresentação de dados estatísticos setoriais, criando indicadores que avaliem seu desempenho.

As denúncias podem ser feitas nos sindicatos. O denunciante deverá se identificar para que a entidade possa dar o devido retorno ao trabalhador. O sigilo será mantido junto ao banco e o sindicato terá prazo de dez dias úteis para apresentar a denúncia ao banco. Após recebê-la, o banco terá 60 dias corridos para apurar o caso e responder ao sindicato.

Fonte blog do Trabalho

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