Por Lyvia Justino
Com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, registrando a menor taxa de desocupação desde 1992 em novembro, ficando em 5,7%, o pleno emprego tem sido um tema recorrente no Brasil. Conceitualmente, um país encontra-se em situação de pleno emprego quando, em sua economia, todos os fatores de produção (trabalho, capital e insumos) estão sendo utilizados em sua máxima capacidade.
De acordo com o administrador e professor da FGV, Sergio Bessa, é quando não há ociosidade na utilização destes fatores, não tendo mão-de-obra desempregada. “O conceito de “pleno emprego”, em economia, tem como base o estado de equilíbrio entre a oferta e a demanda dos fatores de produção em sua plena capacidade instalada. Em uma situação de pleno emprego não existe desperdício, em qualquer de suas formas, nem do capital e nem do trabalho. O pleno emprego significa a utilização da capacidade máxima de produção de uma sociedade e, evidentemente, deve ser utilizada para elevar a qualidade de vida da população, com respeito ao meio ambiente”.
Uma das características do pleno emprego é o país registrar uma taxa de desemprego abaixo de 6%. “Em termos práticos, o pleno emprego não significa o fim do desemprego, mas ocorre quando o nível de trabalhadores sem emprego se situa em uma faixa que os especialistas definem como friccional, ou seja, quando o trabalhador fica fora do mercado de trabalho por um curto período de tempo, entre 30 e 60 dias”, explica Bessa.
O administrador acredita que o Brasil já está se aproximando de uma situação de pleno emprego. “No Brasil de hoje, qualquer pessoa que esteja disposta a trabalhar encontra uma ocupação. As que estão desocupadas, ou estão porque tem uma limitação da idade (limitação esta que é cada vez menor) ou está almejando uma remuneração superior a sua qualificação”.
Para o economista do Dieese, Sérgio Mendonça, o Brasil ainda não vive uma situação de pleno emprego. “Se a economia do país continuar crescendo no ritmo atual, existe a possibilidade do mercado de trabalho brasileiro se aproximar da situação de pleno emprego nos próximos 5 ou 10 anos”, enfatizou.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese, registrou uma taxa de desemprego em novembro de 2010 de 10,8%. A diferença do número apresentado pelo IBGE deve-se a diferença de conceito utilizado para o cálculo. Na pesquisa do IBGE as pessoas são classificadas como ocupadas desde que tenham exercido algum trabalho na semana anterior à que foram entrevistadas, sendo considerados trabalhadores ocupados os empregados com vínculo formalizado (no setor público e no setor privado), os trabalhadores sem carteira assinada e os que trabalham por conta própria, os empregadores, trabalhadores familiares sem remuneração e trabalhadores domésticos (com ou sem contratos formalizados).
Já o Dieese, considera como ocupados os indivíduos que, nos sete dias anteriores ao da entrevista, possuem trabalho remunerado exercido regularmente, com ou sem procura de trabalho; ou que, neste período, possuem trabalho remunerado exercido de forma irregular, desde que não tenham procurado trabalho diferente do atual; ou possuem trabalho não-remunerado de ajuda em negócios de parentes, ou remunerado em espécie/beneficio, sem procura de trabalho. São considerados desempregados indivíduos que se encontram numa situação involuntária de não-trabalho, por falta de oportunidade de trabalho, ou que exercem trabalhos irregulares com desejo de mudança.
Bessa ainda lembra que a taxa de desocupação que indica o pleno emprego nem sempre é a mesma no mundo todo. “Em países onde o mercado de trabalho é mais flexível, como os EUA, ela se situa ao redor de 4%. Em mercados mais regulados e com amplos benefícios assistenciais, como o Brasil, ela é um pouco mais alta. Temos ainda um fator adicional, que é o contingente de 1,5 milhão de trabalhadores, com pouca ou nenhuma escolaridade, que compõem o chamado desemprego estrutural”.
Fonte blog do Trabalho
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