quinta-feira, 24 de março de 2011

I Bienal mostra a diferença que a ergonomia faz no setor têxtil

Por Vanessa Corrêa

Na I Bienal de Segurança e Saúde no Trabalho, a Fundacentro realiza uma exposição de móveis ergonômicos para o trabalho de costureiras. Quando aplicados ao ambiente laboral, os móveis proporcionam maior conforto melhorando a saúde e segurança de trabalhadores desse setor.

As mesas de costura tradicionais apresentam uma série de problemas como: iluminação inadequada, tampo sem apoio para os membros superiores, pedal fixo de acionamento do motor, cadeira sem regulagem de altura, superfície do tampo refletiva e polias e correia sem proteção.
Essas mesas usadas nas fábricas causam muitos problemas de saúde às costureiras que costumam ter dores na coluna lombar e região cervical (músculo trapézio), contração estática da musculatura paravertebral (costas e ombros) e dores difusas pelo corpo e nas regiões dos membros inferiores e superiores.

Ricardo Serrano, designer e ergonomista da Fundacentro, explicou que apesar do custo para os empresários, a substituição dos móveis é vantajosa para as empresas. “A cada um dólar de investimento nessas alterações o empresário ganha cinco dólares. O trabalhador afastado custa três vezes mais para a empresa. Vale muito a pena investir na qualidade, segurança e saúde do trabalhador. Em Birigui (SP) foram implantados os protótipos e as dores lombares deixaram de ocupar o primeiro lugar das causas de afastamento e houve aumento de 30% na produção”.

A ergonomia possui muitas vantagens para as trabalhadoras: reduz o risco de desenvolvimento de cifose (corcunda), gera menor sobrecarga sobre as articulações e reduz a pressão nas veias dos membros inferiores facilitando a circulação.

As mesas apresentadas no evento têm uma série de inovações. O pedal é móvel e permite que a costureira mude sua posição e o ajuste de acordo com o tamanho de sua perna. A iluminação da nova máquina é pontual e de luz fria ao contrário da tradicional que esquenta trazendo desconforto além de gastar muito mais energia. A iluminação do protótipo consome cinco vezes menos energia que a tradicional. O formato do tampo da mesa não é reto o que permite o encaixe da trabalhadora além de permitir o apoio dos membros superiores. As cadeiras possuem regulagem de altura e ajuste para frente e para trás. Foram acrescentadas nas máquinas uma proteção da correia o que evita muitos acidentes de trabalho.

Quanto às máquinas de calçados o grande diferencial é o apoio acolchoado para os braços que durante a atividade ficavam elevados causando incômodo. “A gente desenvolveu um sistema regulável onde a costureira faz o trabalho apoiando o braço o que evita a fadiga muscular. O apoio é acolchoado e impermeável para permitir a higienização. Esse tipo de modificação evita 60% dos afastamentos das trabalhadoras”, disse Ricardo Serrano.

Londrina (PR) pretende implantar os novos móveis em 80 municípios da região. Esse trabalho está sendo solicitado também no Paraná e Mato Grosso. E em São Paulo já existem algumas empresas que possuem as mesas.

Os móveis já foram patenteados e a Fundacentro vem divulgando a idéia para que os empresários e fabricantes se interessem e comecem a produzir e adquirir as mesas.

Fonte: blog do Trabalho

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