Mais de 20,8 milhões de toneladas de gases do efeito estufa deixaram de ser emitidas graças a programas de créditos florestais desde 1990, porém esse tipo de mecanismo ainda apresenta grandes problemas como a falta de regulamentação
Muitas pessoas associam as negociações de créditos de carbono florestais apenas ao mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), que ficou mais em evidência depois da Conferência do Clima de Copenhague em 2009, mas desde o começo da década de 1990 já existem programas de mitigação de emissões de gases do efeito estufa baseados na preservação florestal.
Para avaliar os avanços nestes 20 anos, o relatório "Investing in Forest Carbon: Lessons from the First 20 Years” ouviu mais de 50 participantes do mercado, entre investidores, desenvolvedores de projetos, negociadores e legisladores. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira (3) e foi realizada por um grupo de especialistas das organizações: Katoomba Group, Ecosystem Marketplace e Forest Trends, com o apoio do Bio-Logical Capital.
O relatório identifica uma série de lições que servem para todos os desenvolvedores e explica as grandes dificuldades e oportunidades que os créditos florestais apresentam atualmente.
“Os projetos nunca são iguais, mas ao entrevistar mais de 50 participantes dos mercados ficou claro que alguns conselhos são universais, assim como os principais problemas”, explicou Katherine Hamilton, diretora do Ecosystem Marketplace.
Lições
Faça o melhor para jogar pelas regras, mesmo que as regras não sejam claras: O comércio de créditos florestais é um mecanismo que ainda está em formação, portanto o principal desafio apontado pelos entrevistados é a falta de uma regulamentação apropriada. Estabilidade, transparência, comprovação científica, garantias legais, tudo isso é fundamental para os investidores e ainda precisa ser trabalhado pelas autoridades.
Além disso, é preciso melhorar as metodologias, para que cada empreendedor consiga seguir passo a passo o que é necessário para desenvolver um projeto. Isso evita prejuízos e ajuda a expansão do mecanismo.
Acostume-se com a complexidade Projetos de carbono florestal podem ser relativamente simples ou extremamente complicados. Eles podem se resumir a apenas o plantio de árvores em uma única área ou requerer o envolvimento de diversos proprietários e jurisdições.
Lidar com todas as partes envolvidas - comunidades, fazendeiros, autoridades locais e nacionais - pode se revelar um grande problema. Reconhecer essa dificuldade e estar preparado com o conhecimento, inclusive jurídico, de como realizar as ações do projeto é fundamental.
Planeje corretamente e conte com especialistas Devido às diversidades de cada sistema biológico, o desenvolvimento de projetos precisa ser acompanhado por pessoas com a formação técnica necessária para garantir o sucesso das atividades. É preciso também desde o início realizar estudos que analisem as especificidades da região e que garantam a viabilidade da iniciativa.
Cumprir esses pré-requisitos custa dinheiro, mas evita que o projeto venha a fracassar e cause um prejuízo muito maior do que os custos em preparação.
Seja conservador em todas as estimativas – de carbono, benefícios, tempo e custo A sobrevivência de um projeto de carbono florestal depende de expectativas realistas de todos os participantes; proprietários de terras, governos, investidores e compradores. Muitos aspectos dos empreendimentos são caros e demandam tempo para gerar os resultados esperados.
O ciclo total de um projeto – do design até a geração de créditos – leva normalmente de três a cinco anos, podendo ser ainda mais longo se algum dos passos for feito de forma equivocada.
A comunicação entre os envolvidos é fundamental para que ninguém desista no meio do caminho, por isso é preciso que todos saibam o que realmente esperar do projeto.
Futuro
O relatório afirma que o mercado de carbono florestal continuará sendo um dos principais componentes do comércio internacional de créditos e que os investimentos em projetos do setor serão essenciais para reduzir as emissões.
“Se os governos não apoiarem o desenvolvimento desse mecanismo, estarão ignorando uma importante fonte de emissões e a estratégia contra as mudanças climáticas estará fundamentalmente errada”, explicou Sissel Waage, uma das autoras do relatório.
Apesar disso, os entrevistados não enxergam uma expansão significante no número dos projetos nos próximos anos a menos que haja alguma grande decisão na próxima Conferência do Clima (COP 17) no final do ano para apoiá-los.
Fonte: Envolverde
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