O presente artigo trata sobre as doenças ocupacionais nas instituições financeiras. Entende-se que essa problemática é de competência do gestor. Como metodologia a pesquisa tem como objetivo ser exploratório, sendo básica com uma abordagem qualitativa e como procedimento bibliográfica.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, as doenças ocupacionais DORT são as responsáveis pela maioria dos afastamentos e aposentadorias por invalidez dos funcionários de instituições financeiras. Segundo, Ministério da Previdência e Assistência Social et. al. citado por Sindicato dos Bancários de Brasília (www.bancariosdf.com.br) "entre 2000 e 2005, 25 mil bancários receberam auxílio-doença devido moléstias causadas por esforço repetitivo".
Entretanto, a gestão nos bancos continua sendo voltada para resultados com a imposição de metas muitas vezes inalcançáveis, ritmo excessivo de trabalho, hora extra, ambiente competitivo. Não havendo uma preocupação em tornar o ambiente saudável.
A questão proposta é: Qual a responsabilidade do gestor em relação às doenças do trabalho nos Bancos?
A responsabilidade do gestor deve se adequar em tornar os bancos em um ambiente saudável para seus funcionários, mudando a forma de atuação, como também atender os interesses das organizações. A mudança deve ser feita no estilo de liderança adotada pela instituição. A liderança autocrática é voltada para resultados e metas, onde o autoritarismo é manifestado através das relações de poder, exploração do trabalho e repressão psicológica.
As doenças ocupacionais estão obrigando jovens bancários a se afastarem do emprego em plena fase produtiva. Muitas desses trabalhadores ficam anos afastados e quando voltando a trabalhar voltam com limitações ou acabam sendo aposentados por invalidez parcial ou total. Esse artigo conceitua e discute os riscos de uma gestão ficada só em resultados. Com isso, o presente artigo se torna importante para estudantes, estudantes, estudiosos, gestores da área pública, quanto para os cidadãos. A ausência dessa mão de obra afeta o crescimento e desenvolvimento econômico da sociedade. Pois a sociedade tem sua base econômica e material sustentada pela capacidade de trabalho da população econômica ativa.
Com isso, questiona-se uma possível mudança no estilo de liderança e se essa mudança traria uma diminuição no número de bancários afetados por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.
DOENÇAS OCUPACIONAIS
De acordo com a Lei N⁰ 8.213, o conceito de acidente de trabalho é:
(...) é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa (...), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (portal.dataprev.gov.br.)
O acidente do trabalho é classificado em três tipos: 1-Acidente típico: ocorre na execução do trabalho, 2- Acidente de trajeto: acontece no percurso da residência para o trabalho ou do trabalho para a residência. 3-Doença ocupacional: são denominados por várias doenças que estão diretamente relacionadas às atividades laborais e as condições de trabalho às quais ele está sujeito. As mais comuns são as Lesões Por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
Segundo Instrução Normativa INSS/DC N⁰ 98, entende-se LER/DORT como:
(...) uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podem ocorrer em membros inferiores. (...) Frequentemente são causa da incapacidade laboral temporária ou permanente. (portal.dataprev.gov.br.)
As doenças ocupacionais
2.1. DORT
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho referem-se a um conjunto de doenças como a tenossinovite, tendinite, bursite, dedo em gatilho, entre outros que decorrem da sobrecarga imposta ao sistema músculo-esquelético sem um tempo adequado para sua recuperação. (Instrução normativa INSS/DC N⁰ 98). Algumas situações podem favorecer o surgimento das patologias, entre elas:
Ritmo intenso de trabalho;Pressão explícita;Metas estabelecidas sem a participação dos empregados colaboradores;Patamares de metas de produção crescente sem adequação das condições para atingi-las;Incentivo por maior produtividade por meio de diferenciação salarial e prêmio, induzindo as pessoas passarem dos seus limites;Jornada de trabalho prolongada;Falta de realizar pequenas pausas espontâneas quando necessário;Manutenção de postura fixa por tempo prolongado;Execução de elevado número de movimentos repetitivos por um longo tempo;Monotonia e fragmentação de tarefas;Mobiliário ergonomicamente mal projetado;Ambiente de trabalho desconfortável. (www.mp.to.gov.br)
O DORT é relatado desde 1700, quando é descrita como "doença dos escribas e notórios. Em 1920 aparecem como "doenças das tecelãs", 1965 como "doenças das lavadeiras". O problema aumenta a parti de 1980 quando atingem várias profissões em vários lugares do mundo devidas as grandes mudanças ocorridas no mundo do trabalho. (www.ergonomia.com.br).
Para que se consiga diminuir a quantidade de funcionários afastada por doenças ocupacionais é importante que as organizações adotem uma campanha de prevenção. A prevenção continua sendo o meio mais eficaz para o combate a essas patologias.
2.2. Prevenção
Sabendo que o aparecimento das doenças ocupacionais DORT se dá por fatores de risco multicausal, como: postura inadequada, força, stress físico, emocional e psíquico, entre outros, um programa de prevenção não se da por medidas isoladas, como a postura adequada na frente do computador ou a troca de mobília.
Um programa de prevenção acontece como um conjunto de ações como: "melhoria no local do trabalho, conscientização dos trabalhadores, mudança da organização do trabalho, pausas e micropausas, revezamento e ginástica laboral" (www.nneventos.com.br). Esse conjunto de ações é denominado ergonomia.
A ergonomia, também chamada de Engenharia dos Fatores Humanos, é uma ciência interdisciplinar que usa conhecimento de várias outras áreas como o objetivo da "adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores". (http://www.guiatrabalhistas.com.br)
N terminar c citação
2.3 Epidemiologia
Os casos de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) vêm aumento a cada ano colocando os profissionais da área de saúde e organizações ligadas aos trabalhadores em alerta. Como exemplo dessa preocupação tem a Norma Regularizadora 17 que "visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente". (www.guiatrabalhistas.com.br)
Conforme Anuário Estatístico da Previdência Social (www.previdencia.gov.br) em 2005, aproximadamente 492 mil trabalhadores foram registrado no INSS por acidente de trabalho. Nas doenças de trabalho, uns dos setores mais representativos foram os intermediários financeiros, com 10,8%. Em 2008, foram registrados cerca de 747, 7 mil acidentes de trabalho, as atividades financeiras tiveram uma participação de quase 13 %. Isso significa um aumento de mais de 200 mil nos registros no INSS por acidente de trabalho.
2.3 Liderança
Liderança consiste em saber lidar com pessoas, tratando cada funcionário com um indivíduo, respeitando suas limitações e características. Segundo, Fredman e Rosenman (http://www.pessoasdagestao.blogspot.com) "liderança é o processo de dirigir o comportamento das pessoas rumo ao alcance de alguns objetivos. Dirigir, nesse caso, significa levar as pessoas a agir de certa maneira ou seguir um curso particular"
O gestor que possui essas habilidades consegue em troca desempenho e resultados, sua equipe tem satisfação em auxiliá-lo e lhe presta favores, caso ao contrário há resultado de insubordinação e desordem, o caos. (CARVALHO, 2002)
O estilo de liderança é a relação entre o comportamento do líder e seus subordinados. No estilo de liderança autocrática o gestor centraliza as decisões e fixa diretrizes, sem qualquer participação do grupo. A liderança é totalmente focada nas tarefas e resultados e rígida. (CHIAVENATO, 1995).
Esse estilo de liderança pode representar um risco para as instituições, uma vez que o líder autocrático trabalha impondo suas ordens ao grupo que tende a frustração e agressividade. Essa frustração pode se manifestar várias maneiras como: baixo grau de qualidade no desempenho de suas tarefas, desmotivação, ou até mesmo em doenças ocupacionais como a depressão e a LER/DORT.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho realizou uma pesquisa básica sobre doenças ocupacionais dos bancários, com a finalidade de propiciar ao leitor informações sobre as posições doutrinárias sobre do tema. A pesquisa básica, segundo Gil (1991, p. 2) "objetiva gerar conhecimento novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais". (www.fag.edu.br)
Utilizou a pesquisa exploratória para alcançar os objetivos específicos propostos no item quatro. A pesquisa exploratória, segundo Gil (1991, p. 21) "visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.". (projetos.inf.ufsc.br)
A abordagem utilizada nesse trabalho é qualitativa. De acordo com Gil (1991, p. 20) "considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o subjetivo, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números". (projetos.inf.ufsc.br)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Problema – validar hipótese – argumentar – resultado obtido
Considerando o tema abordado, o problema estudado, os objetivos propostos, a metodologia utilizada e a fundamentação teórica, pode- se concluir que o estilo adotado pelo gestor contribui para o desenvolvimento das doenças do trabalho nas instituições financeiras.
Podemos inferir que muitos gestores ainda não tiveram a percepção da epidemiologia que se tornaram as doenças ocupacionais DORT nos bancos. Por esse motivo, cada vez mais as instituições financeiras estão enxugando os seus quadros de pessoal e em contra partida estão aumentando as metas, a carga horária e o foco na produtividade. Isso ocorre graças ao estilo de liderança autocrático adotado pelos bancos.
O líder autocrático pressupõe que os liderados só farão as suas tarefas se ordenados, considerando-se indispensável. Impõe certo medo para que não seja contradito, causando desmotivação, insatisfação com o trabalho, agressividade e indisciplina.
Nesse momento atual de automatização, terceirização e exploração nas organizações é inevitável que a gestão praticada seja revista e atualizada. O gestor precisa criar um equilíbrio entre as metas desejadas pelas instituições financeiras e as metas realmente possíveis de serem realizadas pelos funcionários, para que possa haver uma melhoria no ambiente de trabalho, diminuindo assim a quantidade de funcionários afetados por doenças ocupacionais DORT.
Os reflexos da gestão na saúde dos funcionários é um fato. Pode- se observar que uma má gestão pode causar danos irreversíveis na saúde do bancário. Esses danos não afetam apenas ao funcionário e à empresa, mas a sociedade como um todo que deixará de ter mão de obra qualificada e produtiva e terá gastos para manter esses bancários afastados pelo INSS.
5. REFERÊNCIAS:
Leis, Decretos e Doutrinas:
BRASIL. Ministério Público do Estado de Tocantins. Ações Preventivas Para Prevenção de LER/ DORT. 2005, p 40. Disponível em: . Último acesso 05/05/2010 às 21h30min
BRASIL. Norma regulamentadora 17. Ergonomia. Disponível em: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislação/nr/nr17.htm. Último acesso 27/04/2010 às 15h17min.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Memorando Circular n° 45 Brasília. 2001 que formaliza a Comissão Nacional de Ergonomia – CNE.
Bibliografia:
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Empresa Comportamento- Uma abordagem Contingencial. 3 ed. São Paulo: Makron Books do Brasil Editora LTDA, 1995, p.531-534.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração Geral e Pública. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 514p.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 4°ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.494 p
Sites Consultados:
ANVISA. Disponível em . Último acesso 05/05/2010 às 21h52min
CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: A dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Pioneira Thomson, 2004. Disponível em . Último acesso 27/04/2010 às 14h05min.
GIL, Antônio Carlos, 1991, citado por Classificação de Pesquisa: treinamento desportivo e personalizado, Faculdade de Assis Gurgacz. Disponível em: < www.fag.edu.br/professores/anderson/Treinamento%20Desportivo/Classifica%E7%E3o%20de%20Pesquisas.ppt pesquisa básica antonio Gil>. Último acesso 11/05/2010 às 16h16min.
GIL, Antônio Carlos, 1991, citado por Metodologia de pesquisa e elaboração de dissertação, Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: < http://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia%20da%20Pesquisa%203a%20edicao.pdf>. Último acesso 11/05/2010 às 16h25min.
DATAPREV. Disponível em . Último acesso 26/04/2010 às 22h52min.
DATAPREV. Disponível em . Último acesso 27/04/2010 às 11h21min.
ERGONOMIA.COM.BR. Disponível em . Último acesso 05/05/2010
MINISTÉRIO DA PRIVIDÊNCIA SOCIAL, AEPS . Disponível em < http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=423 >. Último acesso 11/05/2010 às 19:00h.
PRETTO, Cézar Maurício. LERT/DOR- Como prevenir. Disponível em . Último acesso 27/04/2010 às 14h74min.
CARVALHO, Luís Carlos Rogério Freire de. A Influência do estilo de liderança na gênese dos DORT em uma fábrica de calçados, 2002, p. 21-30. Disponível em . Último acesso 6/05/2010 às 08h13min.
SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE BRASÍLIA. Disponível em . Último acesso 25/04/2010 às 23h09min.
ERGONOMIA.COM.BR. Disponível em .
Fonte: Administradores
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