Nos últimos 30 anos nos canteiros navais de Palermo (Itália), a inalação das fibras de amianto comprometeu a saúde de muitos trabalhadores. Recentemente, houve a denúncia da morte de 36 operários e de adoecimento de 24 funcionários da empresa de construção de navios Fincantieri. Segundo notícia do dia 26 de abril no jornal italiano La Reppublica, o tribunal de Palermo condenou os diretores, atuantes entre 1970 e 1990, por homicídio culposo. Os juízes envolvidos afirmaram que desde os anos 50, os riscos do amianto são conhecidos. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) estima que 100 mil pessoas morram por ano, vítimas de doenças causadas pelo amianto. A substância já foi proibida na Europa, no Japão e em alguns países da América do Sul, como Argentina, Chile e Uruguai. "Apesar de tudo isso, a Fincantieri não adotou as medidas mais elementares de prevenção para evitar a inalação do pó e das fibras do amianto". No estabelecimento, não havia roupas especiais, máscaras, capacetes de proteção, nem sistemas de aspiração do pó de amianto.De acordo com o jornal italiano, Luciano Lemetti foi condenado a sete anos e seis meses, Giuseppe Cortesi a seis anos e Antonino Cipponeri a três. Os três ex-diretores foram condenados também a pagar uma multa inicial de 4,2 milhões de euros ao INAIL (Instituto Nacional de Seguro contra Acidentes de Trabalho). Os ressarcimentos às famílias dos operários ainda serão quantificados.Somente uma parte da investigação sobre as mortes nos canteiros navais de Palermo foi concluída pelos procuradores. Outras quatro investigações, que revelam mais de 50 mortes por tumor, estão prestes a chegar ao tribunal. A procuradoria também apresenta acusações contra os ex-responsáveis nacionais da empresa. Segundo a reconstrução do Ministério Público de Palermo, a Fincantieri teria continuado a produção de amianto até 1999, apesar de uma proibição explícita da lei de 1996.No BrasilEste ano, o "Dossiê Amianto" produzido pelo Grupo de Trabalho do Amianto para avaliar os prós e contras do uso da substância no Brasil, foi finalizado e apresentado à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. As 650 páginas reúnem materiais construídos a partir de visitas a minas e empresas, entrevistas com empresários, trabalhadores, ex-trabalhadores, especialistas, médicos e engenheiros, ONGs, sindicatos, técnicos do setor privado e do Governo. Após as análises, o documento conclui que o fim do uso controlado do amianto é a melhor opção, mas a proposta ainda não foi para votação. "Sabemos que a tramitação é lenta e complicada porque os defensores do amianto, naturalmente, vão agir contra. De qualquer modo, o `Dossiê Amianto` cumpriu seu papel. É a primeira vez que o País detém documento dessa dimensão", diz o relator do GT, deputado Edson Duarte (PV-BA).Para os que defendem o uso controlado, "o relatório parte de uma premissa falsa". "Ou se trata de má-fé ou o autor desconhece completamente o processo de extração e utilização do produto. Em relação aos casos de doenças associadas a pessoas que trabalharam com amianto, há que se ressaltar que se trata de um problema felizmente erradicado", afirma a presidente do Instituto Brasileiro do Crisotila, Marina Júlia de Aquino.
Fonte: Revista Proteção
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