São Paulo (SP) – A psiquiatra e doutora em medicina Edith Seligmann-Silva disse ao blog que o retorno ao trabalho dos que adoeceram por causa de assédio moral é um desafio para empresas e para os serviços públicos de reabilitação. “A reabilitação não se limita aos danos físicos. A reabilitação psiquiátrica em razão de assédio ainda merece maior abordagem da saúde pública”, afirmou.
Para a psiquiatra, a reabilitação precisa ser acompanhada pelo Estado, ou seja, ser “interinstitucional”. “A volta ao trabalho precisa ser sem medo”, afirmou. Segundo ela, os efeitos do assédio moral no âmbito psicológico podem ser o stress pós-traumático, em que a pessoa recorda em sonhos os fatos ocorridos, além dos efeitos como gastrites, hipertensão e diarréia nervosa.
“Tenho conhecimento de casos de hipertensão causados por assédio moral e de um caso em que o alvo sofreu um enfarte após ter ficado isolado e humilhado numa sala”, relatou ela.
Seligmann-Silva também fez um “chamamento” aos setores de Recursos Humanos das empresas para que haja empenho em garantir um retorno aos assediados “sem recaídas”.
Ela também chamou a atenção para o fenômeno do “presenteísmo” quando o trabalhador que necessita de tratamento procura evitar o afastamento com medo de perder o emprego. Para ela, o fenômeno é uma das causas do crescimento do assédio moral nas corporações.
“Para o país sai mais caro o auxílio-doença em razão do esgotamento do que um diagnóstico precoce”, disse ela. “O Brasil precisa pensar nos custos do presenteísmo, como já faz a Europa”, sugeriu.
Edith Seligmann-Silva participou do seminário sobre assédio moral no ambiente de trabalho realizado pela Fundacentro em São Paulo. (SG)
Fonte: blog do Trabalho
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